domingo, julho 16, 2017

SUPERFICIALIDADE À DIREITA

Em diversas postagens procurei mostrar o que chamo de superficialidade da extrema esquerda. Semana passada recebi uma mensagem pelo whatsapp que me dá a oportunidade de tratar sobre o primarismo da extrema direita (até como prosseguimento à postagem anterior sobre recente declaração de Bolsonaro).

O texto em questão, com o sarcástico título "Militar é incompetente demais!!!", me chegou como de autoria de Jabor. Não é. É de autoria de Anselmo Cordeiro e o original (o que caiu na rede foi apocrifamente alterado) está publicado em http://net7mares.blogspot.com.br/2011/06/normal-0-21-false-false-false.html  (originalmente publicado e Junho/2009, 2º mandato de Lula) e na época circulou como de autoria de Millor Fernandes, um ferrenho opositor dos militares. Voltou a circular entre 2013 e 2014 e, pelo que parece, agora novamente.

A hipocrisia do autor escondeu dos incautos fatos desconhecidos daqueles que não viveram uma vida adulta nos 25 anos de ditadura militar e, por isso, é necessário que você, primeiro, conheça sobre o que estou falando. Eu vou usar o mesmo sarcasmo do Anselmo para ficar no mesmo tom.


Que maravilha a Transamazônica!!! É uma obra de que os brasileiros devem se orgulhar. Graças às suas pistas, duplas e de um asfalto Alemão, diga-se, podemos atravessar o Nordeste e o Norte do país, atravessando Peru e chegando às praias do Equador e ao mercado consumidor do Pacífico. Que maravilha!!! Conseguimos desbravar metade do caminho, 4 mil quilômetros, pela bagatela de 7,7 bilhões (valor atualizado) !!!??? Nada mais competente. É uma pena que os governos incompetentes que se seguiram não deram continuidade a esta que ficou conhecida como uma das grandes "obras faraônicas" da tão saudosa ditadura militar!

Mas as imagens falam mais que minhas toscas palavras.



Os grandes feitos ditatoriais não pararam na lama. Hoje temos uma indústria pujante de computadores graças à iniciativa de nossos competentes governantes militares que, para acelerar o crescimento de nossa indústria e estimular o desenvolvimento de novas tecnologias, implementou um grande projeto de "reserva de mercado" para vários setores, especialmente o de informática. Hoje, como todos sabem, nossos notebooks e smartphones são tão requisitados que não se consegue encontrar um para se comprar!!!

E o Proálcool? Esse programa deu tão certo como substituto da gasolina, que é o principal responsável pela vertiginosa queda do preço do barril de petróleo a que temos assistido nestes recentes anos! Além, de claro, fazer a festa de nossos bravos usineiros. Só não se consegue explicar porque o preço nunca cai abaixo dos 70% do preço da gasolina que é o limite para que seu uso compense em alguma medida. O legado efetivo deixado pelos militares são os subsídios concedidos ano-a-ano aos produtores de etanol: 2010 a 2013 e 2014 etc.)

Não esqueçamos de nossas usinas nucleares. Angra 1 foi construída em prazo recorde. Do projeto (1970) ao início de operação (1985) foram apenas 13 anos!!! Foram gastos tão-somente 45 bilhões de dólares na construção de Angra 1 e 2!!! Para se ter uma visão mais clara da competência da gestão militar, no governo Dilma, o ex-ministro Lobão, teve a ideia de construir mais 60 usinas nucleares ao custo, absurdo, de apenas 6 bilhões de dólares cada uma!!! 

Não importa quem vai conduzir o país num futuro qualquer, importa saber como o fará. Assim como não são líderes populistas como Lula ou nacionalistas de extrema direita como Bolsonaro que conduzirão o país em uma direção próspera, muito menos os militares. O militar tem formação para a defesa da pátria contra forças invasoras de qualquer natureza (traficantes, contrabandistas, exércitos estrangeiros e, em dias de paz, defender a constituição e a estabilidade do governo civil); democracia não faz parte da vida nos quartéis; não questionar é o princípio básico do soldado; as estratégias de defesa em que são treinados, não servem (em sua maioria) à administração no tabuleiro das nações e das grandes corporações industriais e comerciai. E por entenderem isto em determinado momento é que conduziram o processo de devolução do poder aos civis. Portanto, individualmente somos todos "passageiros", os mandatos têm prazo certo para terminar, e o que fica é uma sociedade inteira pagando pelos desatinos de líderes psicopatas.

O que os governos ao longo da ditadura militar fizeram foi gastar um dinheiro que não tinham. Perca um tempo se informando sobre as décadas de 60 e 70 para saber que eles não podiam gastar (e desperdiçar, como o foi com Transamazônica, Angras 1 e 2 e outras realizações desastrosas) porque a conjuntura econômica nacional e mundial não era favorável. Gastaram e criaram 2 fatos históricos: "o milagre econômico" e uma "década perdida". Mais do que isso, as bases da explosão inflacionária dos anos 80 está, exatamente, uma década antes quando detinham a exclusividade do poder. Assim como a crise que estamos vivendo é o legado do pacote de 13 anos de Lula e Dilma que gastaram sem ter.

Juscelino fez, nas palavras dele, em 5 anos o que outros levariam 50. Construiu Brasília e estradas federais. Gastou o que não tinha e o resultado final foi 64.

O Rio de Janeiro está à míngua. Hoje nosso estado é o exemplo mais evidente das consequências de se governar sem pensar que o vento pode mudar de direção. O dado mais eloquente é simples: o Estado do Rio arrecadou em 2014, 97 bilhões de reais; em 2016 foram 67 bilhões. Veja este gráfico da arrecadação total de royalties:


A superficialidade, quando devemos tomar decisões relevantes para nossas vidas, para nossa família, para nosso negócio, para nosso país, nunca é boa conselheira. Hoje, no mundo globalizado demandando soluções para questões extremamente complexas, é melhor termos um pouco mais de
cautela ao definir nossas posições. Entramos em um mundo onde convicções precisam ser flexíveis. O relevante de hoje é o irrelevante de daqui a pouco. O futuro que nos espera, queiramos ou não, será resultado das decisões que tomarmos hoje. Se é absolutamente justificável eleger para o congresso um representante classista como Bolsonaro, é uma grande tolice, como fizemos, achar que uma liderança classista como Lula vá ter a visão de país. Bolsonaro e Lula, ambos se guiam pelo "nós contra eles".

Eu vivi de 1969 a 1972 no campus da USP. Morei em pensões - uma delas a 200m de onde Marighella foi morto, e repúblicas - uma a 300m de onde um fusca foi implodido por uma bomba detonada no colo do carona-terrorista que ia deixá-la sabe-se lá onde e matar sabe-se lá quantos. Eu os odiei como odiava os agentes do DOPS que um dia bateram à porta da república para nos questionar sobre uma "denúncia" feita pelo porteiro do prédio que não gostava da nossa cara barbuda. Por razões que não me lembro, não entramos para a lista de desaparecidos.

Por razões diferentes, eu  não posso partilhar de nenhuma ideia de volta, seja de militares, seja de petistas. Estou com os militares: ocupar o governo a qualquer pretexto nem pensar. Estou olhando para a frente. No retrovisor só estou vendo o que estou deixando para trás. Já muito longe ficou a tal da ideologia. 

Até o próximo.

Para um pouco mais de informação: 





Descubra, por exemplo, que no Partido Novo...

"... só poderão ser candidatos aos Diretórios Estaduais ou Distrital os filiados de ilibada
reputação, notória visão política, aptidão para a gestão e reconhecida identidade com
os objetivos e princípios do NOVO, vedada em qualquer hipótese a acumulação de cargo
em mais de um Diretório."




Um comentário:

  1. O que me parece ter complicado a política desenvolvimentista dos Militares, foi o "choque do Petróleo" este sim quebrou a economia brasileira.

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